Variação linguística e tradução literária: impasses e possibilidades
Abstract
Segundo Antoine Berman, a multiplicidade de vozes é uma das grandes marcas da escrita em prosa e, para o teórico francês, traduzir essa multiplicidade “talvez seja o ‘problema’ mais agudo da tradução da prosa, pois toda prosa se caracteriza por superposições de línguas mais ou menos declaradas” (2007: 85). Partindo dessa centralidade para os estudos de prosa e de tradução, nesta comunicação apresentamos, primeiramente, um estudo sobre a variação linguística em obras literárias no contexto das literaturas de língua portuguesa e inglesa, mostrando os objetivos e as especificidades da representação literária da oralidade e pontuando as diferenças entre os dois contextos linguísticos. Em seguida, realizamos uma reflexão sobre a tradução da variação linguística, percorrendo questões como: é possível representar, para línguasculturas diversas, a particularidade geográfica e/ou individual da fala de personagens e narradores? Em tradução, essas particularidades inevitavelmente são generalizadas e homogeneizadas entre si? Por último, para ilustrar a reflexão, apresenta-se uma análise crítica de traduções para a língua portuguesa de obras de Thomas Hardy (Tess of the D’Urbervilles e The Well-Beloved) e de Charles Dickens (Great Expectations) que impõem dificuldades do ponto de vista da representação do regional e da individualidade, respectivamente, no uso que essas obras fazem da variação linguística. Publicadas entre 1942 a 2011, as traduções dessas obras exemplificam os diferentes posicionamentos críticos dos tradutores e do meio editorial ao longo dos anos com relação à representação da fala do Outro, ora adaptando, ora recriando as diferenças linguístico-culturais.
DOI Code:
10.1285/i9788883051272p3707
Keywords:
variação linguística; oralidade; tradução da variação linguística; Thomas Hardy; Charles Dickens
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