A avaliação enquanto dispositivo de subjetivação: a prova de redação do enem em questão
Abstract
Neste trabalho, propomos uma reflexão sobre avaliação de Redação do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM), que elege o gênero dissertativo-argumentativo como referência para avaliação de competências dos sujeitos egressos da educação básica, sua repercussão e efeitos aos processos de subjetivação dos candidatos às vagas das universidades brasileiras, as quais passaram a selecionar seus alunos mediante os resultados do ENEM. Trata-se de um estudo de natureza qualitativo-descritiva cuja proposta metodológica converge à análise dos documentos oficiais que regulamentam as propostas de ensino como os Parâmetros Curriculares Nacionais (1997; 2000) e da proposta de Redação do ENEM/2014. Através deste estudo, pretende-se responder aos seguintes questionamentos: i) Quais efeitos essa avaliação produz nos processos de subjetivação dos candidatos ao ENEM? ii) De que forma a escolha do texto dissertativo-argumentativo atua no campo de relações de forças e como esses campos se relacionam aos processos de subjetivação? iii) Ao se vincular ao ENEM, como o ensino de Língua Portuguesa (LP) atua nos processos de subjetivação? Elegemos como referencial teórico os estudos de Foucault (1987) sobre subjetivação e as reflexões sobre a teoria dos gêneros discursivos-textuais de Bakhtin (2003; 2006) e Geraldi (1997). As conclusões sugerem que a escolha do gênero dissertativo-argumentativo como instrumento de avaliação pressupõe que o ensino de LP deva ser direcionado à subjetivação dos candidatos a partir de uma concepção de homem e linguagem que se ancora nos estudos tradicionais e, com isso, não se centra no desenvolvimento das habilidades indispensáveis às práticas discursivas sociais e ao exercício da cidadania.
DOI Code:
10.1285/i9788883051272p3081
Keywords:
Ensino; Avaliação; ENEM; Subjetivação; Gêneros discursivos
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