Vozes d'África: autoria e relações de poder em duas autobiografias de escravos


Abstract


Este ensaio aborda as relações de poder na constituição da autoria em duas narrativas de escravos: o latino-americano (cubano) Juan Francisco Manzano e o africano do Benim Mahommah Gardo Baquaqua. São vozes resgatadas da mais oprimida das condições: a escravidão. Vozes que, para serem ouvidas, ainda assim excepcionalmente, precisaram contar com a atuação dialógica de mediadores cuja condição social e ideologia, aos resgatarem-nas, também deixam marcas de sua interferência. No caso de Manzano, o escravo assimilou, à sua maneira, a escrita e o discurso literário do branco, mas sua condição de autor só se tornou possível pela atuação de editoria, divulgação e mesmo adaptação de intelectuais abolicionistas. No caso de Baquaqua, a "auto"-bio-"grafia" resulta da "transcrição" de sua narrativa oral por pelo abolicionista Samuel Moore. Considerando a autoria uma dimensão dessas formas particularmente complexas de enunciação, este trabalho analisa as tensões ideológicas no dialogismo que constitui um tipo também complexo de autor. Para isto, o trabalho baseia-se em reflexões e conceitos sobre autoria de Mikhail Bakhtin e Michel Foucault.

DOI Code: 10.1285/i9788883051272p2287

Keywords: Manzano; Baquaqua; autoria; autobiografia

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