A experiência inacabada da morte e da loucura em Berço de corvos, de María Zaragoza e Dídac Plà, e em Cemitério dos vivos, de Lima Barreto


Abstract


O objetivo dessa pesquisa está em fazer uma comparação analítica entre o romance gráfico de Maria Zaragoza, Berço de corvos, com a obra Cemitério dos vivos de Lima Barreto, escritor brasileiro do início do século XX, o qual escreveu também o seu relato autobiográfico das várias passagens que teve pelo hospício Engenho de Dentro, no Rio de Janeiro. Como primeiro ponto, é preciso esclarecer que o paralelo entre uma obra que se utiliza do aparato verbal para a construção da narrativa, como em Cemitério dos vivos, e da outra que se ampara numa base imagético-verbal para criar o seu texto, como em Berço de corvos, estará principalmente centrado no conceito de inacabamento como experiência, conceito explicitado por Bakhtin. A morte na própria imagem da prostituta, em Berço de corvos, torna-se um vaticínio para o seu fim, uma experiência limiar e inacabada entre a vida e a morte: a sua loucura. Dessa mesma maneira, Lima Barreto, escritor brasileiro do século passado com seu Cemitério dos vivos,traz em sua voz a condição inacabada da loucura a partir de sua experiência e da convivência com aqueles que por tanto tempo foram encarcerados no Brasil. Finalmente, tanto a prostituta como a personagem Mascarenhas vivem uma experiência limiar por meio da loucura, cada um com suas próprias características, já que essa se configura num diálogo infinito entre a vida e morte, um eterno inacabamento.

DOI Code: 10.1285/i9788883051272p2249

Keywords: Berço de corvos; Cemitério dos vivos; loucura; inacabamento

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