Geografias do precário: Um estudo da ficção de João Gilberto Noll
Abstract
A obra do escritor João Gilberto Noll tem construído, pelo viés do imaginário ficcional, uma certa ética da deriva. Personagens permanentemente em trânsito, desapossados de seus lugares de origem, em fuga, errância voluntária, exílio ou retorno frustrado, tematizam, em qualquer dessas situações, a condição de estrangeiridade. Em Estrangeiros para nós mesmos, Julia Kristeva afirma que o estrangeiro é "a face oculta da nossa identidade" e "o tempo em que se afundam o entendimento e a simpatia", carregando em sua trajetória de desenraizamento tanto uma "memória magoada" quanto uma "promessa de felicidade". Este artigo pretende analisar, em particular, como a prosa de ficção de João Gilberto Noll tem-se valido dessa ética da deriva para colocar em xeque lugares identitários e lugares de passagem, intercambiáveis, "não-lugares", na formulação de Marc Augé. Porto Alegre, Rio de Janeiro, Berkeley, Bellagio, Chicago, Cidade do México compõem uma geografia rarefeita e precária marcada antes por deslocamentos ininterruptos do que por fixidez e enraizamento.
DOI Code:
10.1285/i9788883051272p1369
Keywords:
Estrangeiridade; Geografia; João Gilberto Noll; Trânsito
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