Estranha morada em Manoel de Barros
Abstract
Este estudo objetiva ler na poesia de Manoel de Barros o desenho de uma cartografia linguística singular. Aponta-se hipótese de que o texto de Barros revela na construção semântica do pantanal imagens que permitem viagem à casa do outro. O Brasil de Barros é "estranho" a muitos brasileiros e até mesmo à Língua enquanto registro oficial. A representação poética permite refletir a relação entre literatura e lugares do mundo, e ainda que de modo ficcionalizado, a experiência do outro, levantará questões acerca da língua materna, sua morada e alteridade. As palavras em Barros não representam apenas variação linguística regional, mas também singular, quando desvia de um vocabulário oficial. Uma nomeação criativa que em sua inventividade, ao personificar a estrada, por exemplo, desloca o personagem para o objeto e traz neste diálogo que estabelece com a estrada marcas de uma violência/intolerância na relação com o outro. No resultado desta pesquisa, entende-se que Barros encena lugar emblemático da cultura brasileira em torno de elementos que constituem a paisagem de um espaço regional e contribui na formação de uma identidade histórica pretérita e presente do país, quando busca realçar a natureza exuberante e singular do Brasil. Isso inaugura novos desafios estéticos e reposiciona o discurso literário. Metodologicamente, descrever-se-á noções acerca da ética da hospitalidade; da subjetividade linguística e da dominação cultural linguística; suporte teórico que fundamenta conclusão e destaca a relevância do espaço poético como representação de uma cultura estrangeira ao próprio país.
DOI Code:
10.1285/i9788883051272p1337
Keywords:
Língua; Poesia; Lugares; Sentidos; Cultura
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