"- É irmão. A vida é dura": A bastardia em Desalma, de Ana Paula Maia


Abstract


Este trabalho é uma leitura das configurações de bastardia, a partir das personagens criadas pela autora brasileira Ana Paula Maia. Para tanto, pretendo pensar em alguns problemas que se traduzem no encontro dos bastardos com o outro, figura hipotética que se recria na cena de leitura como o desvelador de um embate hostil entre projeções identitárias e leis, logo, conduzindo à perspectiva de abandono operada pela mítica representação do que engendramos sobre a pólis, ora compreendida com espaço social de poder. Entre vinganças inscritas em assassinatos sob encomenda e mortes com assinatura, lemos também uma condição de anonimato daqueles aos quais são destinados o subsolo e os dejetos como espacialidades de resistência aos cenários de desabrigo e deslegitimação. Assim, é pela borda que transborda, expulsando de si a condição precária de um abrigo poroso à bastardia, que essas personagens encontram, na errância, na ameaça e no binômio "ataque-defesa", as credenciais para (sobre)viver nessa bricolagem de enredos sociais e polaroides tarantinescas.

DOI Code: 10.1285/i9788883051272p1269

Keywords: bastardia; hostilidade; deslegitimação; deslocamento; conflitos

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