Contando a própria identidade – uma narrativa quilombola como projeto colaborativo


Abstract


Na sociedade brasileira as comunidades de quilombos formam parte importante da população. Hoje em dia muitos quilombolas ainda reivindicam direitos e terras, conforme o artigo 68 do Ato das Disposições Transitórias da Constituição Federal de 1988. Alcançar a auto-sustentabilidade em cada âmbito da vida (trabalho, alimentação, educação, cultura, religião...) é o principal objetivo de muitos Quilmbolas o que ainda se revela dificil em vista de conflitos socioculturais, racismo e preconceitos: "É necessário então entender a constituição da identidade quilombola face à necessidade de luta pela manutenção ou reconquista de um território material e simbólico" (Rezende da Silva 2012: 7). Nesse artigo quero concentrar-me na construção desse "território simbólico". A memória cultural muitas vezes é transmitida oralmente pelos griôs ? as pessoas mais velhas e sábios da comunidade. Então, a cultura quilombola deve-se manifestar nas narrativas dos próprios quilombolas. Vou analisar um fragmento de um corpus da língua falada gravado durante meu período de pesquisa de campo etnográfica em setembro de 2012, seguindo a metodología da análise de conversação "enriquecida" (Deppermann 2000). Nas narrativas (Georgakopolou 2006), alguns quilombolas contam a historia do seu quilombo, das lutas, das condições de vida e das tradições africanas que tentam resgatar. Empregam narrativas para marcar o seu "território simbólico" como população quilombola. Partindo do exemplo de uma narrativa sobre o evento da "Folia de Reis" no quilombo mostrarei como os falantes participantes desenvolvem a narrativa como um projeito de co-construção.

DOI Code: 10.1285/i9788883051272p1041

Keywords: quilombos no Brasil; narrativa; co-construções; análise de conversação; etnografia

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