Memória e arquivo em retorno em concepções de língua portuguesa entre tradutores e estudantes de tradução


Abstract


O trabalho apresenta os primeiros resultados de uma investigação a respeito das concepções de língua portuguesa entre estudantes de tradução e tradutores profissionais. A partir de uma proposta de atividade, foram realizadas análises de respostas, das quais foram recortadas sequências discursivas que possibilitaram levantar questões a respeito das concepções de língua que sustentavam as respostas. O que motivou esta pesquisa foi a observação de que, no curso de Bacharelado em Letras – Habilitação Tradutor, em que atuamos, persiste uma memória que cerceia a concepção de língua numa perspectiva normativista e informacional – e, por consequência, a aceitação de que a língua é regular e de que o sentido é universal e transparente. Questionamos, então, nossos alunos (futuros tradutores) e profissionais da tradução a fim de analisar como o arquivo institucional vem cercear os discursos sobre língua portuguesa e como a memória discursiva faz retorno sobre tais discursos, numa tensão entre estrutura e acontecimento, em que aquela é desacomodada por este, ao mesmo tempo em se remolda para melhor acolhê-lo. Partimos do princípio de que é preciso desfazer as evidências e trazer para as discussões a tensa relação entre língua, sujeito e história, numa perspectiva materialista, como propõe Pêcheux. Nesse sentido, consideramos que o indivíduo se constitui em sujeito pela língua ao ser interpelado pela ideologia (sob efeito retroativo) e que a língua é atravessada pela história e a ela resiste, o que leva à sua autonomia relativa. É essa concepção de língua, a do furo, do deslizamento, da deriva, que defendemos, por permitir lugar ao sujeito e por possibilitar o próprio discurso – na produção, na leitura e na tradução de textos.

DOI Code: 10.1285/i9788883051272p821

Keywords: língua; tradução; memória; arquivo; arquivo institucional

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