Memória e processos lexicais em mídia popular


Abstract


O objetivo maior deste trabalho é discutir determinados processos lexicais explorados na primeira página do Jornal Meia Hora, de circulação diária no Brasil, e sua inscrição na memória discursiva do português que se institui no Brasil. Nessa discussão, são articulados vários conceitos trazidos pela escola francesa de Análise de Discurso, sobretudo os conceitos de memória discursiva e de língua fluida e língua imaginária, estes formulados em Orlandi e Souza (1988). São inúmeros os mecanismos linguageiros presentes nas manchetes de capa do referido jornal, decorrentes ora de cruzamento vocabular, ora de cruzamento da linguagem verbal com a não verbal, os quais, uma vez perpassados pela memória de uma variável linguística vulgar, dão lugar a vários efeitos de sentido, efeitos de humor, de ironia, de denúncia, etc. É válido frisar que o alcance semântico dos enunciados inscritos não depende, apenas, do domínio da língua como um todo. Há todo um fator social que permeia as condições de produção de tais enunciados, tornando os mesmos passíveis de compreensão. A explicação desses processos, no bojo de uma linguística formal, tem se revelado insuficiente, como pretendemos mostrar com a análise dos mesmos. Mas a compreensão desses enunciados lançando mão do dispositivo da Análise de Discurso permite descrever o seu funcionamento à luz do conceito de língua fluida e a partir do conceito de gramatização, trazido por Auroux (1992). A articulação desses conceitos, ao lado do funcionamento dos enunciados em foco, se explicita, enfim, pelo fio de uma memória discursiva instituída no movimento da língua na e pela historicidade do português no Brasil.

DOI Code: 10.1285/i9788883051272p537

Keywords: processos lexicais; mídia popular; memória discursiva

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